“A palavra de ordem é mobilizar”
LabPro: Foi recentemente eleito presidente da Associação Portuguesa de Técnicos de Prótese Dentária. O que significa para si esta eleição?
Luís Costa: Na realidade não lhe atribuo um significado especial. Relevante é a eleição dos novos corpos sociais para a APTPD e espero o trabalho que venhamos a realizar. Estou eu como presidente mas poderia ser um dos meus colegas, somos um grupo com vontade de dar um rumo á profissão no fundo uma necessidade muito sentida por todos A minha chegada aqui decorre de um encontro de ideias de um grupo de técnicos que sentiram a necessidade da existência de uma associação mais ativa, a APTPD estava digamos que um pouco letárgica, praticamente trabalhava nos bastidores, os mais jovens nem sabiam da sua existência. Mas importa realçar o papel em especial do meu antecessor, João Carlos Roque, que manteve a associação com voz junto das entidades, apesar de quase invisível para os colegas. Relevante é que agora se conseguiu reunir um grupo com uma mistura de técnicos, veteranos e jovens com todas as condições para dar um impulso a APTPD.O primeiro passo foi alterar os estatutos, mudámos a sua matriz, a ideia é termos uma associação da classe que se torne a voz dos técnicos. O importante aqui é o trabalho de equipa e o conseguirmos congregar esforços. A nossa ideia é realizarmos um recenseamento dos técnicos existentes no país e chamá-los para integrarem a nossa associação. Queremos defender os objetivos dos técnicos e os seus interesses. Neste momento, contamos com cerca de 240 associados, o que é muito pouco se tivermos em conta que certamente existirão em Portugal bem mais de 1500 profissionais.
LP: Quais são os principais problemas do setor hoje em dia?
LC: A desorganização é um grande problema. Existe um quase total desconhecimento do sector, falta um registo atualizado, não existe qualquer controlo sobre o exercício da profissão quer ao nível das habilitações dos profissionais quer ao da certificação dos laboratórios, se juntarmos a isto uma deficiente articulação entre o Ministério da Saúde e da Educação em relação á formação situação que leva a desacertos de enquadramento na profissão. Poderemos ainda falar na falta de cooperação e organização entre os profissionais bem como na falta de informação e conhecimento sobre as competências dos técnicos de prótese dentária, por parte da sociedade em geral. Depois, não podemos esquecer a concorrência complexa que vem do exterior. Já há corredores para adquirir próteses que vêm da Ásia a preços impensáveis, a pressão sobre os preços sempre foi alta agora ainda agravada pelos cortes das convenções e seguradoras, estas propõem ao dentista tabelas impossíveis que acabam por nos afetar. Temos ainda o excedente de técnicos que estão atualmente a sair para o mercado, a falta de enquadramento é preocupante. Muitas vezes vêem-se obrigados a sujeitar-se a condições pouco dignas para exercer a sua profissão. E, finalmente, há a crise que atualmente enfrentamos no nosso país e no mundo que também se manifesta neste setor. Há uma quebra de mercado, as pessoas gastam menos e poupam onde conseguem.
LP: Tal como aconteceu com outras direções, vai prosseguir com a tentativa de regularizar a situação dos profissionais?
LC: Sim, a regularização da situação dos profissionais é um objetivo desta direção A APTPD tem como principais objetivos a promoção e defesa dos interesses sociais, técnico-científicos e profissionais dos seus associados e elegeu como ação prioritária a criação de mecanismos que promovam a organização da profissão. Nessa ótica a organização dos técnicos de prótese dentária numa associação profissional de inscrição obrigatória, com a devida definição das regras e competências para cada grupo profissional, bem como a articulação entre as várias entidades intervenientes no sector resultaria numa enorme mais-valia para os técnicos.
Entrevista na íntegra na LabPro 7
17 Julho 2012
Entrevistas