“A prótese removível é o patinho feio da prótese dentária”
Maria de Lurdes Veiga Kraemer nasceu em Dume, Braga, mas cedo partiu para a Alemanha com os pais, onde tirou o curso profissional de técnica de prótese dentária por “mero acaso”. Em 1996 voltou a Portugal e criou o seu primeiro laboratório. Em 2004, aliou-se à Merz Dental para dar formação e fazer assessoria de produto. Numa conversa com a LabPro, a técnica de prótese dentária falou sobre a escolha profissional, o laboratório de prótese que tem com o marido, da colaboração com a Merz Dental, na qual dá formação, e da dificuldade da prótese removível se afirmar no mundo da prótese.
Ser técnica de prótese dentária foi a sua primeira opção profissional?
Não. Foi por mero acaso! Com os pais emigrados fui para a Alemanha, em 1977, onde continuei os estudos. Fiz o 10ºano. A minha vocação seria sempre ser enfermeira, mas na impossibilidade de o ser segui outro caminho. Através de um amigo dentista na família, consegui fazer um estágio de três meses na sua clínica de onde vieram os primeiros contactos com a prótese. Para mim na altura,foi algo muito estranho visto que o meu conhecimento com a prótese ser só de “os velhinhos andarem com dentaduras”. Depois de terminar o 10ºano e fazer uma visita a um laboratório de prótese super sofisticado, para ver se a profissão me dizia alguma coisa, acabei por gostar. E foi assim que eu caí na prótese! No início deparei-me com algumas dificuldades, porque eu estava há poucos anos na Alemanha, sabia falar pouco e tive que estudar muito.
A prótese dentária é uma paixão?
Eu caí na prótese quase de paraquedas, mas hoje adoro o que faço! Não mudava nada!
Dá formação em colaboração com a Merz Dental. Como surgiu a ideia de criar o curso “Montagem de prótese total, estética e funcional com o método TiF®”?
O curso de prótese na Alemanha é um curso muito prático, isto é: passamos quatro dias no laboratório e fazemos um dia de teoria na escola profissional. O método Gerber já nos é ensinado durante o curso. Mas em que consiste o método Gerber?
O professor Gerber desenvolveu este método, que nos ensina a fazer a análise dos modelos, isto é: olhar para o modelo e saber ler os índices que o próprio modelo tem e nos dizem onde colocar os dentes. No momento, este método seguiu e é desenvolvido e utilizado por Max Bosshart com quem a Merz Dental desenvolveu um dente, o Delta Form®, especificamente para este tipo de montagem, a montagem lingualizada. Em seguimento, a Merz Dental desenvolveu o método TiF® que dá para qualquer tipologia de dentes.
A ideia de trazer este curso para Portugal vem da necessidade de aplicar estes métodos que aqui não são usuais. Na minha opinião, seria algo a implantar já nas faculdades. Com estas formações tentamos trazer conhecimento aos nossos jovens e não só, que saem da faculdade com a ideia que só a prótese fixa é que é importante. Não nos podemos esquecer que a base da prótese é a prótese removível muco-suportada e parcial, (que é considerada o patinho feio da prótese). Na nossa formação com o método TiF® abordamos e aprendemos a analisar um modelo, segundo Gerber e montamos uma prótese total muco-suportada utilizando um dente semi ou total anatómico (Artegral®Life), seguindo o protocolo TiF®.
Qual é o principal objetivo do curso?
Um dos principais objetivos do curso é dar uma formação que os participantes não têm e incentivá-los a dedicarem-se também à prótese removível/implanto-suportada na área da resina.
Leia a entrevista completa na LabPro 43.
12 Agosto 2021
EntrevistasPrótese dentária