Pedro Chora Estadão: Covid-19 e o impacto na prótese dentária
O técnico de prótese dentária Pedro Chora Estadão partilha com a LabPro qual será o impacto da Covid-19 no setor. “A minha opinião corre o risco de não ser acertada, uma vez que não tenho uma visão global do setor. Apenas conheço a realidade concreta dos laboratórios que estão debaixo da minha supervisão e aquilo que alguns colegas e clientes me têm confiado acerca da situação dos seus próprios laboratórios e consultórios”.
Acrescenta: “Numa primeira análise, parece-me que os efeitos do isolamento social, nomeadamente, o medo do contacto com o outro, vão ser devastadores e duradouros. Apesar de se adivinhar um tempo inicial, que vai durar umas poucas semanas, em que vai haver muito trabalho, espera-se que o mercado venha a abrandar até níveis próximos da estagnação. A situação, para já, é nebulosa, porque ainda há muito trabalho nos laboratórios e nas clínicas que resulta de compromissos assumidos antes da paragem do mercado, todavia, o medo do contágio que, neste momento, domina o público, não agoira nada de bom para o resto do ano de 2020. O facto de a reabertura de clínicas e laboratórios se dar a apenas três meses da época baixa, (setembro e outubro são meses tipicamente fracos para a nossa indústria). Em minha opinião, pressupõe que a recuperação da confiança, se entretanto não houver uma segunda vaga do vírus, vai coincidir com o regresso às aulas, o que vai atirar o início da nossa recuperação lá para o Natal”.
Diz ainda que “conforme se pode imaginar, a lenta recuperação que se adivinha, conjugada com os efeitos nefastos de dois meses de despesas com infra-estruturas, bancos e pessoal, sem qualquer retorno, vai fazer abanar muitas empresas sólidas, levar ao abandono de projetos que estavam a começar e ao encerramento de algumas empresas médias que tinham elevados custos com pessoal e falta de liquidez. Também devemos estar preparados para um aumento notável dos índices de desemprego para a nossa profissão. Nos próximos dois ou três anos, a prótese dentária não vai ser uma boa escolha profissional. Os ordenados vão baixar porque os patrões vão ter medo de uma reprise deste episódio e vão precisar de reservar uma fatia mais substancial das receitas. Por outro lado, este fenómeno vai potenciar as pequenas empresas familiares, que, tradicionalmente, têm mais capacidade de sobrevivência a este tipo de crises e vai, possivelmente, aumentar o número de novos projetos, iniciados por técnicos que, de um dia para o outro, se vão ver sem outras saídas profissionais. A matriz do tecido empresarial vai mudar substancialmente e vamos emergir da crise com um setor mais competitivo, constituído por empresas mais sólidas e com melhor oferta de preço e de qualidade”.
Opinião completa em breve.
30 Maio 2020
Opinião